by 'mangas*

Procuras o mundo que te foge dos pés?

2.01.2011

Contaminada


Quando o coração se rasgou, o sangue, que de lá era catapultado, partiu-se também, deixando o meu corpo apodrecer.
Começou pelos pés, que não sentiam as leves ondas do mar a deslizar pela areia húmida. Depois, as pernas, que não andavam, para caminhar ao teu lado. Seguiram-se os braços, que já não mais tinham força para segurar as rosas que me davas e eu odiava, mas sinto falta. Entretanto, contaminou-me os olhos, nunca mais pude ver o rosto simpático que tens. Posteriormente, os tímpanos romperam e nunca mais saboreei a tua voz rouca. A minha boca secou, deixei de sentir a suavidade dos teus lábios. A minha memória enfraqueceu e… esqueci-me do que estava a pensar.

Segunda Pessoa


Vós, folhas, que caístes durante a Primavera,
Desconheceis o calor do sol e o brilho da noite gélida,
Não vos entristeças.

Vós, rosas, que brotam pétalas de um botão e espinhos de um pé,
Não amargureis,
Porque sereis amadas.

Vós, ventos,
Não sejais lentos, nem tenhais pressa.

Vós, aves do céu,
Não temais em fugir do gelo,
Porque ireis voltar para o fogo.

Vós, água dos oceanos,
Não se exceda, nem escasseie.

Vós, humanos da terra,
Não se odeiem, nem se destruam,
Amem-se.

Tu, luz, não desvaneças,
Ilumina as folhas, as rosas, as aves, a água e os humanos.